20 de fevereiro de 2009


Quando tens 17 anos e sais de casa para não voltar pensas que por fim podes respirar. Achas que depois de ter estado muitos anos ao abraço dos teus pais, com as suas mãos ao redor do seu pescoço impedindo-te respirar quando queres, ao fim es livre. Passam os anos e vives aqui em busca desse lar que abandonas-te e que de vez enquando rememoras nalguma visita exporadica. Mas já não é o mesmo. Tu es outra pessoa por muito que os que te criaram pensem o contrário. Já não observas a vida através da janela deles. Ao contrário, abriste-a e pusseste-te do outro lado expondo-te ao bom e ao mau que podes alcançar com um toque.

E continuas á procura...

Noutra cidade deixas uma parte de ti, mas sem receber dela nada ou muito pouco que mereça a pena. Dar sem receber nada em troca....dizem que é o que há que fazer, mas what the fuck, continuo a pensar que em qualquer negocio há que sacar beneficios. E acaso os sentimentos não são o maior business da historia??

Chega um dia em que es conciente de que estas no cú do mundo, longe dos que queres ou quises-te alguma vez... E das conta que a distância te tornou forte, fria, distante. E que chorar não está na ordem do dia, sim o silêncio, o olhar perdido no céu cinzento...
Passam os anos e continuas sem encontrar o "lar", sem voltar a respirar. Com umas mãos invisiveis no pescoço que o apertam, cada vez com mais força... 

Mas agora sou mais dura, porque o que num principio me desfazia a existência agora tornou-me inmune a ela. Não exito, não respiro, não penso, não raciocino....e se o faço, não me lembro. Quero viver sem viver, quero ser simples como uma ameba. Sentir sem pensar ou pensar sem sentir.

Haverá tempo para respirar...Por agora sinto-me viva nesta asfixia.

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